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terça-feira, 29 de dezembro de 2020


Um milagre - Meu filho vive!

Hoje mais do que nunca eu entendo o coração daquele pai, da parábola de Jesus, do Filho Pródigo - Esse meu filho estava morto e reviveu. Assim aconteceu na minha vida, meu filho estava desaparecido há 15 anos, procurei-o por todos os meios, para todos os efeitos, ele estava morto, mas, assim como na parábola, ele vive.

Não posso dar um banquete, como no caso da parábola, porque no caso do meu filho não basta dar um banho e trocar as roupas, colocar um anel familiar no dedo e festejar.  Ele carece de cuidados psiquiátricos, está maltrapilho, mas vive. 

Quero compartilhar a alegria de ter esperança, expectativa de reencontro - o  milagre já aconteceu.

O milagre da vida, de saber que todos os meus temores, ansiedades e medos desapareceram naquela hora em que ouvi: o teu filho vive, foi encontrado.

Não tenho palavras para descrever a minha emoção! O corpo tremeu, a voz silenciou, a respiração desacelerou. Ouvi a informação quase que paralisada. O que é isso? Eu não deveria estar pulando saltitando diante de uma notícia como essa - Teu filho, o Ozéas Junior, foi encontrado. 

As emoções são assim mesmo, acho que quanto mais forte, mais profunda, mais paralisante e silenciosa ela se torna. Imaginava sempre essa notícia explodindo dentro em mim, como um furacão. Ela ecoou, entretanto, como o murmúrio de uma brisa suave, como aconteceu com Elias na caverna.

Quando estamos diante de algo que somente Deus pode viabilizar, somente Ele pode fazer, e então, ele faz, descobrimos que nossos arroubos e intrepidez de nada adiantaram. Ele simplesmente, vem e faz.

Me sinto um pouco do pai do filho pródigo - no meu caso, a mãe, e um pouco do Elias, tentando decifrar a voz de Deus. Ela é suave e produz em nós a mais perfeita paz.

Um grande milagre aconteceu na minha vida em Julho de 2020. Algumas pessoas não acreditam em anjos, mas dessa vez, Deus enviou mensageiros para ajudar a minha família.

Em primeiro lugar, naquela estrada, próxima à rodoviária de Itaquaquecetuba, zona leste de São Paulo, alguém o encontrou e o levou para o melhor lugar em que ele poderia estar - Num Hospital Psiquiátrico.

Em segundo lugar, a Renata Stern, essa Assistente Social, com pedigree de joias preciosas,  que não mediu esforços para descobrir quem era aquele desconhecido, delirante persecutório,  que chegara no hospital. Foi essa o segundo "Anjo" de Deus no meu caminho. 

Ela tanto fez, que o identificou e ainda encontrou a família. Louvo a Deus por essa vida tão preciosa na história da minha família.

Aquele dia  24.07, quando meu filho Alexandre recebeu o contato da Renata, eu nunca vou esquecer. Foi o primeiro dia que eu pude sair depois de uma quarentena em decorrência do Covid/19. Estava me sentindo ainda um pouco debilitada, mas resolvi ir ao Supermercado. Voltei um pouco exausta, quando meu filho me ligou: mãe você pode vir aqui em casa? Não entendi nada porque já havíamos conversado sobre, eu somente visitá-los, depois do resultado dos testes deles, o que seria na segunda-feira.

Ainda assim, depois de um almoço e um rápido descanso, eu fui.

Que prazer ver os meus netinhos depois de 14 dias de quarentena. Brincamos, nos divertimos um pouco, quando o Xande me chamou pra conversarmos no escritório. Eu tremi as bases, e logo perguntei; o que houve, estão com Covid? Ele respondeu rapidamente, "não". Sente-se mãe.

Então começou a me fazer lembrar do Junior, falo como se em algum momento da vida uma mãe pudesse esquecer o filho! O papo continuou: - Sabe mãe, hoje a Renata, uma Assistente Social do Hospital Santa Marcelina, em SP, me ligou falando do Ozéas Junior. Tremi, mas fiquei calma. Ele está lá, concluiu meu filho.

Como receber uma informação dessas e não chorar, e não se abalar, e não tremer? Foi o que aparentemente me aconteceu. 

Vim para minha casa, e só então percebi que não havia pedido detalhes.

Precisa detalhes diante disso? Saber que alguém que estava morto reviveu, não tem detalhes, simplesmente, está vivo.

Vivo e precisando de cura. Esquizofrenia com mais de 15 anos sem tratamento.

A minha oração de gratidão a Deus e de reafirmação da minha fé, pois só em Deus consegui me segurar, somente nele nossos propósitos são firmados e somente ele pode restaurar, curar e mudar a nossa perspectiva de vida.

Ao tempo em que agradeço a Deus e vejo o final da minha jornada de buscas chegar, percebo também que se inicia uma nova etapa da caminhada de fé. Deixo a minha declaração e a minha oração:

Uma declaração de fé - uma oração.

Deus é maior! A minha fé não está alicerçada no que vejo agora, nas circunstâncias que me cercam. A minha fé está fundamentada na Palavra de Deus, e ela me diz que Deus viu a minha substância ainda informe, "Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.  Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir". 

O Deus que me formou, que formou cada um dos meus filhos, conhece cada detalhe da nossa genética. Basta uma palavra tua, senhor e tudo será renovado. O Senhor "traz a existência as coisas que não são". 

Que são neurônios destruídos que Deus não possa recriar, renovar, refazer novas conexões de forma que o cérebro, as conexões nervosas voltem a funcionar?

O tempo e o modo pertence a Deus, não a mim, não aos homens. Simplesmente porque não entendemos o funcionamento de algumas engrenagens da máquina humana, não significa que podemos descartar a existência de possibilidades.

Nosso conhecimento é limitado, mas o poder criador de Deus,  não. Esse é o poder que fez ressuscitar a Cristo. Esse é o poder que da morte faz ressurgir nova criatura.

Esse é o poder que,  de vales de ossos secos faz renascer seres humanos com nervos, músculos, peles, e cérebros, prontos para reanimarem e reconstruírem um mundo cheio de fé e esperança.

Essa é a base da minha fé, e também da minha existência. 

É com essa convicção que eu agora reafirmo a cura do meu filho Ozéas.

Meu Deus que o manteve vivo por 15 anos, caminhando pelas estradas íngremes da vida, e o conduziu a um hospital com tratamento psiquiátrico, em estado de saúde física muito boa, como disse o Dr Giovanni. Ele mesmo, pode restaurar sua saúde mental, neurológica e toda rede neural. Pode usar cada medicamento, cada tratamento, para o fim desse pesadelo que vive tanto o Ozéas, como sua família.

Eu creio.

Helena Oliveira, uma mãe agradecida

 






sábado, 26 de maio de 2018

A banalização da vida – A indiferença! Quanto custa um filho diante da justiça?



Essa é uma reflexão, nada mais do que isso, de quem viu seus dias serem transformados num mar de angústia, causada por buscas incessantes de um filho, que afetado por uma doença, afasta-se cada vez mais de seus familiares e amigos, na tentativa desesperada de fugir da perseguição das vozes e que construiu um mundo alheio aos riscos e à chamada “realidade normal” dos outros seres humanos.

Diante de tal realidade, essa pobre criatura, meu filho amado, faminto e cansado, acostou-se diante de um restaurante onde alguém, em sua generosidade, lhe deu uma marmita, que seria seu alimento, não fosse a intervenção da polícia Militar.

Seu erro, seu pecado, seu crime inicial – dizer que não ia se identificar a um falso policial – falso, na concepção do seu universo, porque a polícia existe para proteger os cidadãos e não para importuná-los, quando estão fazendo sua refeição, num espaço público. A situação piorou. Desacato.

Um crime que  levou esse meu filho que estava desaparecido, e aparentemente  morto, a ser visto por mim, a quase encontrar-se comigo, pois a Polícia Civil de Curitibanos/SC cumpriu seu papel.   Diante de um incapaz, percebido pelas palavras cultas e pelo discurso desconexo que fazia, não foi difícil  inferir, lançou mão das tecnologias e encontrou a família, que há cerca de 13 anos o procurava, para ajuda-lo a tratar e a ter uma vida digna, como ele merece.

Mas no contexto da justiça, não vale a palavra de quem consciente de seu dever quer conectar as pessoas desaparecidas aos seus familiares!

Fico me perguntando, a cada nova tentativa em vão de encontrar o meu filho, o que levou uma pessoa como um promotor, a desautorizar qualquer ação que levasse o meu filho, um incapaz, um doente, que precisa de cuidados médicos, à assistência de sua família?

Quanto vale uma vida para quem adota medidas assim?  Quanto vale um filho?

Essa pessoa o condenou às ruas, ou melhor às BRs da vida, ou à morte, enquanto eu, sua mãe, estava ao telefone implorando que não o fizesse, pois eu sei o quanto já o havia procurado sem sucesso. 

Vi nesse ato, a esperança esvair-se, como que num ralo ou como a água a escorrer por entre os dedos.

Quanto vale uma vida? Quanto vale um filho para sua mãe? Quanto vale a justiça aplicada a um incapaz?

 A indiferença ao valor da vida, à capacidade de olhar o outro, de trabalhar pelo bem público e social leva a esse tipo de decisão. Aplica-se a lei sem o espírito da lei.

“Quando se atinge um alto grau de indiferença o resultado não pode ser outro senão medo, amor reprimido, sofrimento atroz, angústia, tristeza, arrependimento, culpa” etc.

A sensação que se tem é a de que, a capacidade do agente público em discernir os atos que pratica, se tornou nula ou comprometida por outros fatores inebriantes.

O olhar está claramente comprometido – um olhar inundado e dominado pelo ego. 

Percebo que a “normalidade”, a “humanidade”, não é captada por aqueles que só conseguem olhar para si mesmo, e que concentram seu olhar no poder que detém sobre os outros; que têm medo de levantar o olhar, pois se assim o fizerem, deparam-se com a grandeza do universo e o Poder do Deus Criador de todas as coisas. Isso os ameaça, pois, cada indivíduo que olha para cima vê-se a si mesmo insignificante, dependente do Criador, vê-se a si mesmo, como de fato somos todos nós – finitos.

Esses que não conseguem enxergar sua finitude, também não conseguem olhar para o outro, e, quando tentam assim fazer, adotam a atitude de quem olha para baixo.

Se olhar para baixo se defrontará com o outro ser , ou o único ser humano que consegue ver, tão humilhado, cujos “corpos”, provocam neles sentimentos de medo, angústia, nojo, indiferença ou revolta.

Conseguem imaginar que o outro ser vivo (não humano, posto que invisível para eles), é dissociado de sentimentos, de vínculo, de alguém que se interesse por ele.





Pensem bem!

Esse alguém, que está diante de vocês, não surgiu de um casulo, sem vinculo com a humanidade. 

Ele surgiu de um ventre que o ama e, no caso do meu filho, o Ozéas Junior, trata-se de um doente, que precisa de assistência à saúde e tem uma família ansiosa o procurando para suprir essas necessidades, a qual não foi ouvida, embora estivesse na linha telefônica clamando.

O que para a justiça desalmada, desespiritualizada, desumanizada não vale a atenção de uma análise mais acurada para a tomada de decisão, para a família, para a mãe – vale ouro, vale sacrifícios imensuráveis – pois onde está o elo mais fraco, o filho doente, aí está  concentrado o coração da mãe.

Atitudes irrefletidas como essas, egocêntricas e legalistas geram medo, dor, sofrimento, morte lenta. E, diz Frei Beto:

 "Se o medo perdura, a tortura se oficializa como recurso burocrático. Porém, o ideal não suporta a covardia e a morte jamais enterra aqueles que deram a vida pela vida". BETTO, Frei. A mosca azul: reflexão sobre o poder. Rio de Janeiro: Rocco, 2006. p. 25.

Reflitam...pensem!

Acima de todos nós há um Deus, criador de todas as coisas e que nos ama, sem acepção de pessoas. 

Esse que hoje é o meu filho incapaz, é aos olhos de Deus um filho amado e assistido, e aos meus olhos – Um filho amado e procurado.

Helena Souza de Oliveira
Uma mãe em busca de seu filho.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Vamos encontrar nosso menino...que palavra confortadora!


Minha postagem de hoje é um agradecimento à solidariedade de todos os que têm compartilhado as postagens de tentativas de encontrar o meu filho Ozéas Junior.

Saibam que o compartilhamento tem gerado em mim a esperança de um dia, essa informação  chegar a alguém que o tenha visto.

A dor é inigualável, mas a esperança se renova a cada novo parceiro de busca!

Saber que o meu filho esteve alí, bem ao meu alcance e que eu não consegui ajudá-lo foi decepcionante. 

Saber que a razão dessa  fuga é uma doença, me doe o coração. 

Ele, mais do que qualquer outro filho sadio, precisa de cuidados médicos, apoio familiar e carinho, para se recuperar.

Ele está sofrendo fome, frio, desabrigo, insegurança e todas as humilhações pelas quais passam os desvalidos, em seu caso, um andarilho.

Tudo de que ele precisa está à sua disposição e por não estar discernindo bem, não consegue usufruir. 


Saibam que para mim, é impossível estar de pé, sem a ajuda dos irmãos e amigos, que além de orarem por nós, têm compartilhado e torcido de coração para que o desfecho dessa busca seja positivo, vitorioso.

Tenho exposto a minha necessidade e o meu coração a todos. 

Nessa exposição e pedido de ajuda, alguém me perguntou:

Você não está fazendo isso de forma tardia?

Respondo:

Não, meus amigos.

Eu sempre estive procurando o meu filho, nunca desisti de procurá-lo, embora sequer soubesse que ainda vivia.

Somente no dia  24.03.18, quando o Agente da Polícia Civil de Curitibanos/SC, Rafael Flamia, entrou em contato comigo,  me perguntando: Essa é a voz do seu filho? 

Ao ouvir a sua voz e ver as tristes imagens de como  ele se encontrava, então, tive certeza de que estava vivo. 

Antes, eu não sabia, embora, lá no fundo do meu coração,  eu acredissse nisso.

Nesses 13 anos, a primeira informação objetiva que tive do meu filho foi aquela que o Agente Rafael me deu.

Não tenho palavras para agradecer ao Rafael, esse agente da Policia Civil, ciente de seu papel como servidor público, e com muita consciência e conhecimento sobre o que fazer diante de um incapaz, coisa que  a promotoria não conseguiu alcançar.

Assim eu vi e ouvi o meu filho..


Meu coração disparou, adrenalina afetou as emoções e a minha ansiedade foi tamanha que quase tive uma parada cardiáca quando ouvi o veredito do promotor.  

Devolva-o para as ruas, parafraseando!

Uma decisão equivocada que me negou o direito de tratar o meu filho.  

Mas, pela graça divina, eu sobrevivi e apoiada por muitos amigos parceiros,  travei essa guerra, essa campanha por encontrá-lo.

As orações, as palavras incentivadoras, os compartilhamentos, me mantido de pé e firme.

Vamos encontrar nosso menino! Disse a tia Iracema Costa. Isso me soou muito confortante ao coração.

Vamos encontrar nosso menino Ozéas Junior - Ele precisa de nós!

Nós vamos ajudá-lo a se recuperar!

Com fé no Senhor Jesus, com a ajuda de todos.

Vamos encontrar nosso menino!

Helena Oliveira
Uma mãe a procura de seu filho




sábado, 12 de maio de 2018

A minha fé há de me levar a você., meu filho!

Nesses poucos dias de caminhada pelas estradas à procura de você, meu filho amado, pude perceber quão desgastante é andar sem rumo, sem direção, sem saber aonde chegar ou como chegar.
Inúmeras vezes eu desejei que aquele sentimento chamado intuição me levasse para o lugar em que você se encontra, mas dessa vez ela me foi traiçoeira - não colaborou.
Fiquei em Curitiba até o dia 10.05.18.
Por um momento achei que tinha te achado, pois  tive uma informação e te procurei num determinado acampamento que está acontecendo em Curitiba. 
Não era você!
A minha perigrinação continua!
Agora, de volta pra casa, em Brasília, posso renovar as forças e rever as estratégias.
Saber esperar nunca foi o meu forte, mas essa experiência com a sua ausência me tem sido um aprendizado, dolorido? Sim, mas necessário, porque nunca vou desistir de te encontrar.
Na falta de palavras vou parafrasear o Gerson Cardozo: Te encontrar vai ser tão bom...eu poderei ter mais  paz, mais prazer - eu me sinto muito só, sem você aqui.
Desistir, jamais!
Nesse caso, essa palavra não faz parte do meu vocabulário!
Vou te encontrar, a minha fé há de me levar até você a tempo de poder te ajudar!
Sua mãe!
Helena.



segunda-feira, 7 de maio de 2018

Uma justiça que não gera justiça



Saí de Brasília, no dia 01.05.2018, após uma batalha judicial para conseguir autorização para cuidar do meu filho, Ozéas Junior, esquizofrênico,  desaparecido desde 29.08.2005, e que foi visto e abordado pela Polícia de Ponte Alta do Norte, distrito de Curitibanos, para onde ele foi encaminhado em 24.03.2018, nessa data, Ozéas assinou um Termo Circunstanciado e foi liberado, ou, mais uma vez condenado às  suas constantes peregrinações pelas BRs.
Cheguei em Curitiba às 8:40 da manhã do dia 01.05, acompanhada do investigador da Polícia Civil do Maranhão, Bruno, uma dessas pessoas depreendidas, que para ajudar, foi capaz de se deslocar, com licença do trabalho, somente para contribuir com essa causa.
Alugamos um carro e seguimos pela BR 116, de Curitiba/Paraná, a Curitibanos, parando nos Postos da Polícia Rodoviária Federal e distribuindo Folhetos informativos sobre o caso. Conversamos com vários caminhoneiros, estivemos na Administração da BR 116, solicitando informações e ajuda, conseguimos muitos parceiros bem dispostos a nos ajudar a encontrar o meu filho.


Chegamos à Ponte Alta do Norte, para o almoço, às 16h15min. Sim, estávamos sem fome enquanto percorríamos a BR 116, cumprindo a nossa missão. 
Por ironia da vida, e por necessidade de informações, estávamos lá, no Restaurante onde meu filho, segundo consta no Boletim de Ocorrência 00012-2018-0001301,  foi abordado, quando se encontrava à porta daquele restaurante, comendo uma quentinha, que alguém de coração bondoso o havia doado. Ao que consta no Boletim, a Polícia foi acionada por um empregado do restaurante, e meu filho reagiu muito negativamente, desacatando o policial, que segundo declarou usou de força moderada para conter o Ozéas.
Como resultado dessa abordagem, meu filho perdeu o alimento e foi conduzido à delegacia de Curitibanos. 
Agora, 01.05.2018, às 16h30min, eu estava lá. Pedi algo para almoçar, enquanto a minha mente e emoção olhava para aquele espaço, aquela porta de entrada, as pessoas, tão educadas com os clientes, bondosas ao que parecia. Enquanto observava, as minhas  entranhas se derretiam . Tentei imaginar a situação daquele fatídico dia em que o Ozéas estava alí, humilhado e faminto. Percebi que o alimento que precisava ali, era, antes de tudo, observar e descobrir a pessoa certa que poderia me prestar informações sobre o meu filho, afinal, eles teriam sido os últimos a vê-lo, de fato, depois de quase 13 anos.
Enfim, conversei com a esposa do Sr. Francisco, e depois, com ele próprio. Ambos, conversaram comigo e se mostraram solícitos em ajudar, tinham a história em suas mentes, foi, segundo disseram, chocante quando souberam que a família do Ozéas havia sido contatada pela Polícia de Curitibanos.
Após essa conversa, e por indicação da Sra Liana, pernoitamos em Curitibanos.
Logo pela manhã, por volta de 8h, fomos à delegacia de Polícia Civil, fomos atendidos pela Delegada Regional Dra. Roxana. Ela nos prestou todos os esclarecimento sobre a situação, lamentou o fato de não ter conseguido ajudar à época, em 24.03, dada as limitações legais e também nos orientou sobre os outros procedimentos, dentre eles, o Registro de Ocorrência, que ela própria preencheu e encaminhou às autoridades competentes, no caso, a Delegacia de Desaparecidos de Santa Catarina. Também nos informou que os abrigos e o Serviço Social não fizeram nenhum atendimento ao Ozéas, não havia registros. Fui informada, ainda, que naquele dia 02.05.18, às 13h:30min, estava agendada uma audiência do Ozéas, meu filho, na Promotoria.
Agora, de posse de documento de Curatela, fui à audiência.  Verifiquei com a secretaria do Fórum. A audiência constava da pauta e foi confirmada para às 13:30. Lá fiquei aguardando, por ter chegado com bastante antecedência.
Qual não foi a minha surpresa, quando a secretária me informou que não haveria audiência. A Promotora encarregada pelo fato não me atendeu e transferiu o Processo para a 3a. Promotoria, que tem a competência de analisar os processos criminais. A Promotora, em seu parecer, enquadrou o  Ozéas Lima de Oliveira Junior, nos Artigos 329, 330 e 331. 
" Dessa forma, a soma das penas dos crimes ora atribuídos ao autor dos fatos, supera os dois anos previstos no art 61 da lei 9.099/95..."

Quando questionei o fato de estar lá representando o réu e não ser atendida pela promotoria, o Digníssimo Juiz de Direito Dr. Eduardo Passold Reis, me atendeu e mui gentilmente coletou as provas da minha representação e os documentos para anexar ao processo.
Sou leiga, minha formação não é jurídica, não tenho Know how para questionar a operacionalização da justiça, entretanto, me causa estranheza o fato de que, para ajudar a um andarilho, descompensado e que durante o depoimento se manteve inalterado, 

"que nega que tenha proferido qualquer ofensa contra o policial e  foi abordado enquanto estava almoçando uma marmita que ganhou naquele restaurante". 

A justiça, a Promotoria, não autorizou o encaminhamento para o Serviço Social, ou para um abrigo ou coisa similar, alegando que o Ozéas não havia cometido crime. Entretanto, no dia da audiência, o Ozéas estava sendo indiciado como criminoso, pela mesma promotoria,  com previsão de retenção de mais de 2 anos.

O que seria menos oneroso para o Estado e mais efetivo para as famílias desesperadas que procuram seus entes queridos; enfim, para o tratamento dos incapazes, principalmente desse cuja a mãe estava ao telefone, clamando por ajudar o filho? 

Encaminhar ao Serviço Social, serviço médico, ou abrigo e entregar à família para os devidos cuidados ou condená-lo e retê-lo numa prisão e mantê-lo de forma invisível para a família, e para quem se interesse por ajudar?

Uma justiça que causa injustiça!

Quanta indignidade em condenar um desvalido, desesperado, humilhado, incapaz, doente!



Uma mãe em busca de seu filho!