Encontro de Gerações!
Minha mãe estava radiante, inspirando alegria, confiança e serenidade ao mesmo tempo.
Não sabia se dava um sorriso, se batia palmas ou se falava.
Isso mesmo, falava a seu modo, como somente ela pode fazer, porque o som de sua voz foi tolhido pelas agruras do destino, num terrível AVC que quase lhe custou a vida.
Digo terrível porque roubou de nós a possibilidade de ouvir a sua voz, mas não a sua vontade e alegria de viver.
Não conheço ninguém com maior intensidade e prazer de viver do que a minha mãe.
Todas as ocorrências ou eventos entre amigos e familiares são motivos que lhe fazem dançar, cantar e levantar os braços para os céus em agradecimento a Deus.
Cada visita se transforma num motivo de festejo.
A energia que ela transmite é tamanha que ficar triste perto dela se transforma num grande desafio.
Como ficar triste perto de alguém que vive em seu limite físico e que, no máximo de sua fé, está sempre a agradecer?
Do outro lado, no colo da mãe estava o Tiago, que em seus dois aninhos mais parece um sol a iluminar a nossa família.
Ele fala tudo, sorrir , canta, brinca e até se oferece a estar simultaneamente aqui e lá.
Brincar num parque aqui, enquanto abraça a mãe há cerca de mil e trezentos quilômetros de distância.
Quanta imaginação! Assim é a mente das crianças, para elas, tudo é possível. Ainda bem que esquecem, com a mesma facilidade com que propõem essas idéias estupidamente impossíveis e maravilhosamente fascinantes.
Tiago meu sobrinho/neto, meu herói de hoje.
Lá no fundo da sala estava ela, a minha irmã.
Como que a contemplar a festa, ela não disse nada, limitou-se a estar junto, em sua participação passiva, mas extremamente importante.
A presença dela impõe a harmonia do encontro, da dona do momento, daquela que deu origem aos atores, preparou o cenário e acompanha o ensaio.
Que bela cena! Essa do encontro das gerações.
O mais velho, a bisavó, vira o brinquedinho do mais novo, agora ela é a gatinha do bisneto.
Muito bem Thiago você botou moral nessa turma daí, só falta agora inventar o apelido da tia Helena.
E pensar que tudo isso aconteceu porque o filho, o tio, o primo, o sobrinho, o neto, o esposo, estava com sua amada participando de um musical belíssimo em comemoração à páscoa, há uma distância que nenhum de nós poderia acompanhar a não ser pela net.
E assim, conclui-se mais uma notícia de família para quem de tão distante e tão junto não consegue dar notícias.
Beijos.
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