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domingo, 29 de abril de 2018

Vou te encontrar, onde quer que for!




Depois de tantos anos de espera, depois de breves minutos de encontro e desencontro inusitados, finalmente, posso partir em sua direção, meu filho amado, com a certeza de que seguirei as estradas da vida até te encontrar.
Você é precioso demais para mim e para nossa família!
Nesse momento, eu não tenho nenhuma idéia de onde você se encontrar, não sei se estás abrigado ou não; sei porém, que a minha fé me levará até você a tempo de poder te ajudar. O mais importante é saber que estás vivo, depois de tantos anos de sofrimento e angústia.
Assim como a mulher em busca da dracma perdida, descrita na parábola de Jesus, em Lucas, eu estou saindo, acendendo a candeia da fé, as lâmparinas do amor e os faróis da perseverança.
Deus há de fazer convergir todas as coisas para o nosso bem, para o nosso encontro e para a nossa alegria.
Contamos com a parceria de muitas pessoas de bem, que alicerçados no amor,  abrem alas de esperança para os desesperançados. Essas pessoas são capazes de abdicar de seus compromissos e dedicar tempo e atenção à causa de outrem, como a nossa. A elas, o meu reconhecimento e a certeza de que Deus as recompensará, porque nessa vida os favores que recebemos têm valor inestimáveis, incalculáveis. Não temos como monetarizar favores imerecidos.
Você é para mim, como a dracma perdida descrita por Jesus, é também, como a palavra rara de Carlos Drumond de Andrade.

"Certa palavra dorme na sombra de um livro raro.
Como desencanta-la?
É a senha da vida, a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira, no mundo todo. 
Se tardar o encontro,
se não há encontro,
não desanimo, procuro sempre.
Procuro sempre, 
e minha procura, 
ficará sendo a minha palavra".


Minha jornada em direção a você está em fase final...vou te encontrar onde quer que for!

Sua mãe...!






domingo, 8 de abril de 2018

Vencendo a burocracia e a insensibilidade!


Enquanto estou aqui, tentando vencer a burocracia para te encontrar e conseguir te ajudar, você pode estar, mais uma vez,  à porta de algum restaurante buscando a misericórdia de pessoas de bem que se disponham a te dar algum alimento, sujeito mais uma vez, a  ser denunciado e conduzido à  delegacia, sabe se lá por onde, ou de onde.
Enquanto a burocracia predomina, as pessoas vulneráveis estão sem atendimento, sem respostas, sujeitas a toda sorte de sofrimento!
Enquanto a burocracia dita suas regras, a injustiça predomina, a morte achega-se à porta dos desvalidos, dos necessitados de ajuda e dos  peregrinos das ruas.
Enquanto a burocracia reina, nada acontece, ou melhor dizendo, acontece todo um efeito nefasto promotor do que há de pior na vida humana - o descaso, a precariedade, a indiferença, a invisibilidade de alguns em detrimento daqueles que arrogantemente exercitam o poder para dificultar a vida e o viver.
Enquanto a burocracia prevalece, a vida desvanece - triste constatação!
O efeito dessa realidade é devastador.
Enquanto espero as respostas burocráticas estou enterrando a esperança de ver o meu filho atendido, de finalmente o encontrar e poder ajudá-lo.
Enquanto espero uma informação que pode me guiar, a vida se esvai, as oportunidades estão sendo diluídas, porque o tempo está contra mim e contra você - meu filho.
Triste realidade expressa com maestria no poema de Aurélio Aquino, in Recanto das Letras.

"os birôs
de militar postura
escondem dentro de si
mortes e amarguras
e se fazem urgentes
ao explodir a prática
num coito desinformado
entre o homem e a máquina

o documento
tem uma face lógica
e suores subentendidos
e risos datilográficos
e em cada ângulo de si
traz sempre a serenidade
de um efêmero processo
de negação da vontade

o funcionário
posto em sua função
de cidadão consentido
inventa no dorso das letras
um pretenso objetivo
de concluir contra o próximo
qualquer viés proibido
nessa estatal caminhada
de consumir seus sentidos


o funcionário e o birô
pastam letras e matemáticas
e se se dão à razão
se suicidam na prática
pois um birô requer
como arquivo latente
a vontade do funcionário
presa num documento

e se se forma a fração
nessa proporção burocrata
o funcionário torna-se birô
de estranha matemática
pois em não sendo mobília
é um móvel estatizado
com a mesma sem razão
do erro datilográfico"
Ó Senhor dos céus e da terra, tende piedade de nós e fazei com que os seres humanos por trás dos birôs, não se transformem, eles próprios, em birôs de existência inerte!
Fazei com que tenham coração e usem de compaixão, viabilizando caminhos, apontando soluções, promovendo entradas e saídas, erradiando vida.

Uma mãe em busca de seu filho.

domingo, 1 de abril de 2018

Que aflição, que dor, que angústia de alma!


Depois de 12 anos estive bem perto de estar com você...Te encontrei e te desencontrei em menos de 40 minutos.
Meu filho, finalmente foi abordado na rua e encaminhado a um delegado que tem consciência do seu papel diante de pessoas em situação de rua, desprovidas de direitos, de assistência, de abrigo, de alimentação, de proteção.
Diante do fato, o Agente Rafael Flamia, da Delegacia de Policia Civil de Curitibano/SC, fez a coisa certa. Buscou identificar quem era aquela pobre criatura indefesa e confusa e procurou a família.
Que emoção, quando ele se identificou e me perguntou: D. Helena essa é a voz do seu filho? Não tive dúvidas, era meu filho falando. Foram quase 13 anos de espera, de busca, até finalmente ouvir que ele estava em Curitibano. Faminto, foi preso quando estava em frente a um Restaurante aguardando a compaixão e a misericórdia dos frequentadores, que lhe dessem um prato de comida. Pelo que me disseram, ele se descompensou com a chegada da polícia.
Confuso, sem direitos, sem conexão com a realidade ele foi conduzido à delegacia.
Bendita condução que o conectou a mim, sua mãe.
Por alguns minutos conversei com o Agente Rafael que me permitisse chegar de Brasília a Curitibano para cuidar do meu filho, ele tentou, disse que o encaminharia a uma casa de Assistência.
Essa conversa durou de 15h44min até às 16h21min. Exatamente 37 minutos, até finalmente, uma ligação da  promotoria da Vara da Família, que, sem qualquer sensibilidade humana, aplicou a lei. Ele não havia cometido nenhum crime, portanto não podia ser preso.
Não era de prisão que estávamos tratando, eu e o Agente Rafael, era de acolhimento, num lugar específico em que meu filho pudesse ser tratado como cidadão, ter o mínimo de direitos, alimentação, banho, uma roupa adequada e um lugar para dormir.
A medida daquela Promotoria, devolveu o meu filho para as ruas, dessa vez, ainda mais desamparado e desequilibrado, posto que, agora ele continuava com fome, com roupas rasgadas e impróprias para o clima do lugar, sem documentos e além de tudo irritado.
Quando eu ouvi o veredito que o Agente Rafael me informou, eu quase morri....implorei que me permitissem tempo para ir me encontrar com meu filho, para de alguma forma enviar um recursos para suprir alguma necessidade básica dele...O veredito, mais uma vez foi: A Promotoria da família, o liberou para as ruas, não nos permitiu encaminhar ao Serviço Social, não posso fazer nada.
E assim, a possibilidade mais real que tive em quase 13 anos, de encontrar o meu filho esquizofrenico e cuidar dele, pois ele precisa de cuidados médicos e de acolhimento familiar, me foi negado.
Angusia, dor e desespero, foi o que me restou.
Uma mãe, em busca desesperada pelo filho!