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sábado, 26 de maio de 2018

A banalização da vida – A indiferença! Quanto custa um filho diante da justiça?



Essa é uma reflexão, nada mais do que isso, de quem viu seus dias serem transformados num mar de angústia, causada por buscas incessantes de um filho, que afetado por uma doença, afasta-se cada vez mais de seus familiares e amigos, na tentativa desesperada de fugir da perseguição das vozes e que construiu um mundo alheio aos riscos e à chamada “realidade normal” dos outros seres humanos.

Diante de tal realidade, essa pobre criatura, meu filho amado, faminto e cansado, acostou-se diante de um restaurante onde alguém, em sua generosidade, lhe deu uma marmita, que seria seu alimento, não fosse a intervenção da polícia Militar.

Seu erro, seu pecado, seu crime inicial – dizer que não ia se identificar a um falso policial – falso, na concepção do seu universo, porque a polícia existe para proteger os cidadãos e não para importuná-los, quando estão fazendo sua refeição, num espaço público. A situação piorou. Desacato.

Um crime que  levou esse meu filho que estava desaparecido, e aparentemente  morto, a ser visto por mim, a quase encontrar-se comigo, pois a Polícia Civil de Curitibanos/SC cumpriu seu papel.   Diante de um incapaz, percebido pelas palavras cultas e pelo discurso desconexo que fazia, não foi difícil  inferir, lançou mão das tecnologias e encontrou a família, que há cerca de 13 anos o procurava, para ajuda-lo a tratar e a ter uma vida digna, como ele merece.

Mas no contexto da justiça, não vale a palavra de quem consciente de seu dever quer conectar as pessoas desaparecidas aos seus familiares!

Fico me perguntando, a cada nova tentativa em vão de encontrar o meu filho, o que levou uma pessoa como um promotor, a desautorizar qualquer ação que levasse o meu filho, um incapaz, um doente, que precisa de cuidados médicos, à assistência de sua família?

Quanto vale uma vida para quem adota medidas assim?  Quanto vale um filho?

Essa pessoa o condenou às ruas, ou melhor às BRs da vida, ou à morte, enquanto eu, sua mãe, estava ao telefone implorando que não o fizesse, pois eu sei o quanto já o havia procurado sem sucesso. 

Vi nesse ato, a esperança esvair-se, como que num ralo ou como a água a escorrer por entre os dedos.

Quanto vale uma vida? Quanto vale um filho para sua mãe? Quanto vale a justiça aplicada a um incapaz?

 A indiferença ao valor da vida, à capacidade de olhar o outro, de trabalhar pelo bem público e social leva a esse tipo de decisão. Aplica-se a lei sem o espírito da lei.

“Quando se atinge um alto grau de indiferença o resultado não pode ser outro senão medo, amor reprimido, sofrimento atroz, angústia, tristeza, arrependimento, culpa” etc.

A sensação que se tem é a de que, a capacidade do agente público em discernir os atos que pratica, se tornou nula ou comprometida por outros fatores inebriantes.

O olhar está claramente comprometido – um olhar inundado e dominado pelo ego. 

Percebo que a “normalidade”, a “humanidade”, não é captada por aqueles que só conseguem olhar para si mesmo, e que concentram seu olhar no poder que detém sobre os outros; que têm medo de levantar o olhar, pois se assim o fizerem, deparam-se com a grandeza do universo e o Poder do Deus Criador de todas as coisas. Isso os ameaça, pois, cada indivíduo que olha para cima vê-se a si mesmo insignificante, dependente do Criador, vê-se a si mesmo, como de fato somos todos nós – finitos.

Esses que não conseguem enxergar sua finitude, também não conseguem olhar para o outro, e, quando tentam assim fazer, adotam a atitude de quem olha para baixo.

Se olhar para baixo se defrontará com o outro ser , ou o único ser humano que consegue ver, tão humilhado, cujos “corpos”, provocam neles sentimentos de medo, angústia, nojo, indiferença ou revolta.

Conseguem imaginar que o outro ser vivo (não humano, posto que invisível para eles), é dissociado de sentimentos, de vínculo, de alguém que se interesse por ele.





Pensem bem!

Esse alguém, que está diante de vocês, não surgiu de um casulo, sem vinculo com a humanidade. 

Ele surgiu de um ventre que o ama e, no caso do meu filho, o Ozéas Junior, trata-se de um doente, que precisa de assistência à saúde e tem uma família ansiosa o procurando para suprir essas necessidades, a qual não foi ouvida, embora estivesse na linha telefônica clamando.

O que para a justiça desalmada, desespiritualizada, desumanizada não vale a atenção de uma análise mais acurada para a tomada de decisão, para a família, para a mãe – vale ouro, vale sacrifícios imensuráveis – pois onde está o elo mais fraco, o filho doente, aí está  concentrado o coração da mãe.

Atitudes irrefletidas como essas, egocêntricas e legalistas geram medo, dor, sofrimento, morte lenta. E, diz Frei Beto:

 "Se o medo perdura, a tortura se oficializa como recurso burocrático. Porém, o ideal não suporta a covardia e a morte jamais enterra aqueles que deram a vida pela vida". BETTO, Frei. A mosca azul: reflexão sobre o poder. Rio de Janeiro: Rocco, 2006. p. 25.

Reflitam...pensem!

Acima de todos nós há um Deus, criador de todas as coisas e que nos ama, sem acepção de pessoas. 

Esse que hoje é o meu filho incapaz, é aos olhos de Deus um filho amado e assistido, e aos meus olhos – Um filho amado e procurado.

Helena Souza de Oliveira
Uma mãe em busca de seu filho.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Vamos encontrar nosso menino...que palavra confortadora!


Minha postagem de hoje é um agradecimento à solidariedade de todos os que têm compartilhado as postagens de tentativas de encontrar o meu filho Ozéas Junior.

Saibam que o compartilhamento tem gerado em mim a esperança de um dia, essa informação  chegar a alguém que o tenha visto.

A dor é inigualável, mas a esperança se renova a cada novo parceiro de busca!

Saber que o meu filho esteve alí, bem ao meu alcance e que eu não consegui ajudá-lo foi decepcionante. 

Saber que a razão dessa  fuga é uma doença, me doe o coração. 

Ele, mais do que qualquer outro filho sadio, precisa de cuidados médicos, apoio familiar e carinho, para se recuperar.

Ele está sofrendo fome, frio, desabrigo, insegurança e todas as humilhações pelas quais passam os desvalidos, em seu caso, um andarilho.

Tudo de que ele precisa está à sua disposição e por não estar discernindo bem, não consegue usufruir. 


Saibam que para mim, é impossível estar de pé, sem a ajuda dos irmãos e amigos, que além de orarem por nós, têm compartilhado e torcido de coração para que o desfecho dessa busca seja positivo, vitorioso.

Tenho exposto a minha necessidade e o meu coração a todos. 

Nessa exposição e pedido de ajuda, alguém me perguntou:

Você não está fazendo isso de forma tardia?

Respondo:

Não, meus amigos.

Eu sempre estive procurando o meu filho, nunca desisti de procurá-lo, embora sequer soubesse que ainda vivia.

Somente no dia  24.03.18, quando o Agente da Polícia Civil de Curitibanos/SC, Rafael Flamia, entrou em contato comigo,  me perguntando: Essa é a voz do seu filho? 

Ao ouvir a sua voz e ver as tristes imagens de como  ele se encontrava, então, tive certeza de que estava vivo. 

Antes, eu não sabia, embora, lá no fundo do meu coração,  eu acredissse nisso.

Nesses 13 anos, a primeira informação objetiva que tive do meu filho foi aquela que o Agente Rafael me deu.

Não tenho palavras para agradecer ao Rafael, esse agente da Policia Civil, ciente de seu papel como servidor público, e com muita consciência e conhecimento sobre o que fazer diante de um incapaz, coisa que  a promotoria não conseguiu alcançar.

Assim eu vi e ouvi o meu filho..


Meu coração disparou, adrenalina afetou as emoções e a minha ansiedade foi tamanha que quase tive uma parada cardiáca quando ouvi o veredito do promotor.  

Devolva-o para as ruas, parafraseando!

Uma decisão equivocada que me negou o direito de tratar o meu filho.  

Mas, pela graça divina, eu sobrevivi e apoiada por muitos amigos parceiros,  travei essa guerra, essa campanha por encontrá-lo.

As orações, as palavras incentivadoras, os compartilhamentos, me mantido de pé e firme.

Vamos encontrar nosso menino! Disse a tia Iracema Costa. Isso me soou muito confortante ao coração.

Vamos encontrar nosso menino Ozéas Junior - Ele precisa de nós!

Nós vamos ajudá-lo a se recuperar!

Com fé no Senhor Jesus, com a ajuda de todos.

Vamos encontrar nosso menino!

Helena Oliveira
Uma mãe a procura de seu filho




sábado, 12 de maio de 2018

A minha fé há de me levar a você., meu filho!

Nesses poucos dias de caminhada pelas estradas à procura de você, meu filho amado, pude perceber quão desgastante é andar sem rumo, sem direção, sem saber aonde chegar ou como chegar.
Inúmeras vezes eu desejei que aquele sentimento chamado intuição me levasse para o lugar em que você se encontra, mas dessa vez ela me foi traiçoeira - não colaborou.
Fiquei em Curitiba até o dia 10.05.18.
Por um momento achei que tinha te achado, pois  tive uma informação e te procurei num determinado acampamento que está acontecendo em Curitiba. 
Não era você!
A minha perigrinação continua!
Agora, de volta pra casa, em Brasília, posso renovar as forças e rever as estratégias.
Saber esperar nunca foi o meu forte, mas essa experiência com a sua ausência me tem sido um aprendizado, dolorido? Sim, mas necessário, porque nunca vou desistir de te encontrar.
Na falta de palavras vou parafrasear o Gerson Cardozo: Te encontrar vai ser tão bom...eu poderei ter mais  paz, mais prazer - eu me sinto muito só, sem você aqui.
Desistir, jamais!
Nesse caso, essa palavra não faz parte do meu vocabulário!
Vou te encontrar, a minha fé há de me levar até você a tempo de poder te ajudar!
Sua mãe!
Helena.



segunda-feira, 7 de maio de 2018

Uma justiça que não gera justiça



Saí de Brasília, no dia 01.05.2018, após uma batalha judicial para conseguir autorização para cuidar do meu filho, Ozéas Junior, esquizofrênico,  desaparecido desde 29.08.2005, e que foi visto e abordado pela Polícia de Ponte Alta do Norte, distrito de Curitibanos, para onde ele foi encaminhado em 24.03.2018, nessa data, Ozéas assinou um Termo Circunstanciado e foi liberado, ou, mais uma vez condenado às  suas constantes peregrinações pelas BRs.
Cheguei em Curitiba às 8:40 da manhã do dia 01.05, acompanhada do investigador da Polícia Civil do Maranhão, Bruno, uma dessas pessoas depreendidas, que para ajudar, foi capaz de se deslocar, com licença do trabalho, somente para contribuir com essa causa.
Alugamos um carro e seguimos pela BR 116, de Curitiba/Paraná, a Curitibanos, parando nos Postos da Polícia Rodoviária Federal e distribuindo Folhetos informativos sobre o caso. Conversamos com vários caminhoneiros, estivemos na Administração da BR 116, solicitando informações e ajuda, conseguimos muitos parceiros bem dispostos a nos ajudar a encontrar o meu filho.


Chegamos à Ponte Alta do Norte, para o almoço, às 16h15min. Sim, estávamos sem fome enquanto percorríamos a BR 116, cumprindo a nossa missão. 
Por ironia da vida, e por necessidade de informações, estávamos lá, no Restaurante onde meu filho, segundo consta no Boletim de Ocorrência 00012-2018-0001301,  foi abordado, quando se encontrava à porta daquele restaurante, comendo uma quentinha, que alguém de coração bondoso o havia doado. Ao que consta no Boletim, a Polícia foi acionada por um empregado do restaurante, e meu filho reagiu muito negativamente, desacatando o policial, que segundo declarou usou de força moderada para conter o Ozéas.
Como resultado dessa abordagem, meu filho perdeu o alimento e foi conduzido à delegacia de Curitibanos. 
Agora, 01.05.2018, às 16h30min, eu estava lá. Pedi algo para almoçar, enquanto a minha mente e emoção olhava para aquele espaço, aquela porta de entrada, as pessoas, tão educadas com os clientes, bondosas ao que parecia. Enquanto observava, as minhas  entranhas se derretiam . Tentei imaginar a situação daquele fatídico dia em que o Ozéas estava alí, humilhado e faminto. Percebi que o alimento que precisava ali, era, antes de tudo, observar e descobrir a pessoa certa que poderia me prestar informações sobre o meu filho, afinal, eles teriam sido os últimos a vê-lo, de fato, depois de quase 13 anos.
Enfim, conversei com a esposa do Sr. Francisco, e depois, com ele próprio. Ambos, conversaram comigo e se mostraram solícitos em ajudar, tinham a história em suas mentes, foi, segundo disseram, chocante quando souberam que a família do Ozéas havia sido contatada pela Polícia de Curitibanos.
Após essa conversa, e por indicação da Sra Liana, pernoitamos em Curitibanos.
Logo pela manhã, por volta de 8h, fomos à delegacia de Polícia Civil, fomos atendidos pela Delegada Regional Dra. Roxana. Ela nos prestou todos os esclarecimento sobre a situação, lamentou o fato de não ter conseguido ajudar à época, em 24.03, dada as limitações legais e também nos orientou sobre os outros procedimentos, dentre eles, o Registro de Ocorrência, que ela própria preencheu e encaminhou às autoridades competentes, no caso, a Delegacia de Desaparecidos de Santa Catarina. Também nos informou que os abrigos e o Serviço Social não fizeram nenhum atendimento ao Ozéas, não havia registros. Fui informada, ainda, que naquele dia 02.05.18, às 13h:30min, estava agendada uma audiência do Ozéas, meu filho, na Promotoria.
Agora, de posse de documento de Curatela, fui à audiência.  Verifiquei com a secretaria do Fórum. A audiência constava da pauta e foi confirmada para às 13:30. Lá fiquei aguardando, por ter chegado com bastante antecedência.
Qual não foi a minha surpresa, quando a secretária me informou que não haveria audiência. A Promotora encarregada pelo fato não me atendeu e transferiu o Processo para a 3a. Promotoria, que tem a competência de analisar os processos criminais. A Promotora, em seu parecer, enquadrou o  Ozéas Lima de Oliveira Junior, nos Artigos 329, 330 e 331. 
" Dessa forma, a soma das penas dos crimes ora atribuídos ao autor dos fatos, supera os dois anos previstos no art 61 da lei 9.099/95..."

Quando questionei o fato de estar lá representando o réu e não ser atendida pela promotoria, o Digníssimo Juiz de Direito Dr. Eduardo Passold Reis, me atendeu e mui gentilmente coletou as provas da minha representação e os documentos para anexar ao processo.
Sou leiga, minha formação não é jurídica, não tenho Know how para questionar a operacionalização da justiça, entretanto, me causa estranheza o fato de que, para ajudar a um andarilho, descompensado e que durante o depoimento se manteve inalterado, 

"que nega que tenha proferido qualquer ofensa contra o policial e  foi abordado enquanto estava almoçando uma marmita que ganhou naquele restaurante". 

A justiça, a Promotoria, não autorizou o encaminhamento para o Serviço Social, ou para um abrigo ou coisa similar, alegando que o Ozéas não havia cometido crime. Entretanto, no dia da audiência, o Ozéas estava sendo indiciado como criminoso, pela mesma promotoria,  com previsão de retenção de mais de 2 anos.

O que seria menos oneroso para o Estado e mais efetivo para as famílias desesperadas que procuram seus entes queridos; enfim, para o tratamento dos incapazes, principalmente desse cuja a mãe estava ao telefone, clamando por ajudar o filho? 

Encaminhar ao Serviço Social, serviço médico, ou abrigo e entregar à família para os devidos cuidados ou condená-lo e retê-lo numa prisão e mantê-lo de forma invisível para a família, e para quem se interesse por ajudar?

Uma justiça que causa injustiça!

Quanta indignidade em condenar um desvalido, desesperado, humilhado, incapaz, doente!



Uma mãe em busca de seu filho!


 

domingo, 29 de abril de 2018

Vou te encontrar, onde quer que for!




Depois de tantos anos de espera, depois de breves minutos de encontro e desencontro inusitados, finalmente, posso partir em sua direção, meu filho amado, com a certeza de que seguirei as estradas da vida até te encontrar.
Você é precioso demais para mim e para nossa família!
Nesse momento, eu não tenho nenhuma idéia de onde você se encontrar, não sei se estás abrigado ou não; sei porém, que a minha fé me levará até você a tempo de poder te ajudar. O mais importante é saber que estás vivo, depois de tantos anos de sofrimento e angústia.
Assim como a mulher em busca da dracma perdida, descrita na parábola de Jesus, em Lucas, eu estou saindo, acendendo a candeia da fé, as lâmparinas do amor e os faróis da perseverança.
Deus há de fazer convergir todas as coisas para o nosso bem, para o nosso encontro e para a nossa alegria.
Contamos com a parceria de muitas pessoas de bem, que alicerçados no amor,  abrem alas de esperança para os desesperançados. Essas pessoas são capazes de abdicar de seus compromissos e dedicar tempo e atenção à causa de outrem, como a nossa. A elas, o meu reconhecimento e a certeza de que Deus as recompensará, porque nessa vida os favores que recebemos têm valor inestimáveis, incalculáveis. Não temos como monetarizar favores imerecidos.
Você é para mim, como a dracma perdida descrita por Jesus, é também, como a palavra rara de Carlos Drumond de Andrade.

"Certa palavra dorme na sombra de um livro raro.
Como desencanta-la?
É a senha da vida, a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira, no mundo todo. 
Se tardar o encontro,
se não há encontro,
não desanimo, procuro sempre.
Procuro sempre, 
e minha procura, 
ficará sendo a minha palavra".


Minha jornada em direção a você está em fase final...vou te encontrar onde quer que for!

Sua mãe...!






domingo, 8 de abril de 2018

Vencendo a burocracia e a insensibilidade!


Enquanto estou aqui, tentando vencer a burocracia para te encontrar e conseguir te ajudar, você pode estar, mais uma vez,  à porta de algum restaurante buscando a misericórdia de pessoas de bem que se disponham a te dar algum alimento, sujeito mais uma vez, a  ser denunciado e conduzido à  delegacia, sabe se lá por onde, ou de onde.
Enquanto a burocracia predomina, as pessoas vulneráveis estão sem atendimento, sem respostas, sujeitas a toda sorte de sofrimento!
Enquanto a burocracia dita suas regras, a injustiça predomina, a morte achega-se à porta dos desvalidos, dos necessitados de ajuda e dos  peregrinos das ruas.
Enquanto a burocracia reina, nada acontece, ou melhor dizendo, acontece todo um efeito nefasto promotor do que há de pior na vida humana - o descaso, a precariedade, a indiferença, a invisibilidade de alguns em detrimento daqueles que arrogantemente exercitam o poder para dificultar a vida e o viver.
Enquanto a burocracia prevalece, a vida desvanece - triste constatação!
O efeito dessa realidade é devastador.
Enquanto espero as respostas burocráticas estou enterrando a esperança de ver o meu filho atendido, de finalmente o encontrar e poder ajudá-lo.
Enquanto espero uma informação que pode me guiar, a vida se esvai, as oportunidades estão sendo diluídas, porque o tempo está contra mim e contra você - meu filho.
Triste realidade expressa com maestria no poema de Aurélio Aquino, in Recanto das Letras.

"os birôs
de militar postura
escondem dentro de si
mortes e amarguras
e se fazem urgentes
ao explodir a prática
num coito desinformado
entre o homem e a máquina

o documento
tem uma face lógica
e suores subentendidos
e risos datilográficos
e em cada ângulo de si
traz sempre a serenidade
de um efêmero processo
de negação da vontade

o funcionário
posto em sua função
de cidadão consentido
inventa no dorso das letras
um pretenso objetivo
de concluir contra o próximo
qualquer viés proibido
nessa estatal caminhada
de consumir seus sentidos


o funcionário e o birô
pastam letras e matemáticas
e se se dão à razão
se suicidam na prática
pois um birô requer
como arquivo latente
a vontade do funcionário
presa num documento

e se se forma a fração
nessa proporção burocrata
o funcionário torna-se birô
de estranha matemática
pois em não sendo mobília
é um móvel estatizado
com a mesma sem razão
do erro datilográfico"
Ó Senhor dos céus e da terra, tende piedade de nós e fazei com que os seres humanos por trás dos birôs, não se transformem, eles próprios, em birôs de existência inerte!
Fazei com que tenham coração e usem de compaixão, viabilizando caminhos, apontando soluções, promovendo entradas e saídas, erradiando vida.

Uma mãe em busca de seu filho.

domingo, 1 de abril de 2018

Que aflição, que dor, que angústia de alma!


Depois de 12 anos estive bem perto de estar com você...Te encontrei e te desencontrei em menos de 40 minutos.
Meu filho, finalmente foi abordado na rua e encaminhado a um delegado que tem consciência do seu papel diante de pessoas em situação de rua, desprovidas de direitos, de assistência, de abrigo, de alimentação, de proteção.
Diante do fato, o Agente Rafael Flamia, da Delegacia de Policia Civil de Curitibano/SC, fez a coisa certa. Buscou identificar quem era aquela pobre criatura indefesa e confusa e procurou a família.
Que emoção, quando ele se identificou e me perguntou: D. Helena essa é a voz do seu filho? Não tive dúvidas, era meu filho falando. Foram quase 13 anos de espera, de busca, até finalmente ouvir que ele estava em Curitibano. Faminto, foi preso quando estava em frente a um Restaurante aguardando a compaixão e a misericórdia dos frequentadores, que lhe dessem um prato de comida. Pelo que me disseram, ele se descompensou com a chegada da polícia.
Confuso, sem direitos, sem conexão com a realidade ele foi conduzido à delegacia.
Bendita condução que o conectou a mim, sua mãe.
Por alguns minutos conversei com o Agente Rafael que me permitisse chegar de Brasília a Curitibano para cuidar do meu filho, ele tentou, disse que o encaminharia a uma casa de Assistência.
Essa conversa durou de 15h44min até às 16h21min. Exatamente 37 minutos, até finalmente, uma ligação da  promotoria da Vara da Família, que, sem qualquer sensibilidade humana, aplicou a lei. Ele não havia cometido nenhum crime, portanto não podia ser preso.
Não era de prisão que estávamos tratando, eu e o Agente Rafael, era de acolhimento, num lugar específico em que meu filho pudesse ser tratado como cidadão, ter o mínimo de direitos, alimentação, banho, uma roupa adequada e um lugar para dormir.
A medida daquela Promotoria, devolveu o meu filho para as ruas, dessa vez, ainda mais desamparado e desequilibrado, posto que, agora ele continuava com fome, com roupas rasgadas e impróprias para o clima do lugar, sem documentos e além de tudo irritado.
Quando eu ouvi o veredito que o Agente Rafael me informou, eu quase morri....implorei que me permitissem tempo para ir me encontrar com meu filho, para de alguma forma enviar um recursos para suprir alguma necessidade básica dele...O veredito, mais uma vez foi: A Promotoria da família, o liberou para as ruas, não nos permitiu encaminhar ao Serviço Social, não posso fazer nada.
E assim, a possibilidade mais real que tive em quase 13 anos, de encontrar o meu filho esquizofrenico e cuidar dele, pois ele precisa de cuidados médicos e de acolhimento familiar, me foi negado.
Angusia, dor e desespero, foi o que me restou.
Uma mãe, em busca desesperada pelo filho!

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Em 2018 _ Te desejo vida!




Eu te desejo vida!

 Pe Fabio de Melo.





"Eu te desejo vida, longa vida
Te desejo a sorte de tudo que é bom
De toda alegria, ter a companhia
Colorindo a estrada em seu mais belo tom
Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
Eu te desejo a paz de uma andorinha
No vôo perfeito contemplando o mar
E que a fé movedora de qualquer montanha
Te renove sempre e te faça sonhar
Mas se vier as horas de melancolia
Que a lua tão meiga venha te afagar
E que a mais doce estrela seja tua guia
Como mãe singela a te orientar
Eu te desejo mais que mil amigos
A poesia que todo poeta esperou
Coração de menino cheio de esperança
Voz de pai amigo e olhar de avô
Eu te desejo muito mais que mil amigos
A poesia que todo poeta esperou
Coração de menino cheio de esperança
Voz de pai amigo e olhar de avô".

Além disso,  eu me desejo algumas coisas, entre elas, a prioritária é te ver.

Feliz 2018!!!

Helena Oliveira